terça-feira, 9 de setembro de 2008

Viagem ao Rio Tua

Desta vez eu (Bike17eco), Mário Almeida (Sprint Veloce Team), Jorge Almeida e Vítor Silva (Eco Bike), fomos até ao Rio Tua, onde iríamos seguir um Trilho de GPS, tirado da net, pelo Vítor e que segundo ele, passava na linha estreita do Tua, (agora momentaneamente desactivada devido ao fatídico descarrilamento que ocorreu no pretérito dia 22 de Agosto), uma vez que eu achei aquela ideia completamente ridícula, (andar de bicicleta na linha do comboio?!) opus-me desde logo àquela situação.
Após uma breve experiência sobre a linha, executada pelo Jorge, que mesmo com a sua bike de suspensão total, disse não ser praticável, lá fomos pela estrada, com este assunto arrumado, (julgava eu).
Primeira paragem alguns metros mais adiante, uma Figueira mesmo na berma da estrada, e começamos a longa jornada, logo a encher o bandulho de figos para dar força, pois desce cedo nos apercebemos que a topografia da região não nos ia dar descanso, e aquilo era mesmo tudo a subir.
Segunda paragem também algumas centenas de metros à frente, numa vinha onde podemos provar as uvas da região, e que afinal são o ex-líbris da zona, e reconhecidas internacionalmente, sendo das poucas coisas que ainda vão dando bom nome a Portugal pelo mundo fora.
Já na aldeia do Fiolhal, passamos junto à Igreja, que tinha mesmo à mão de semear, a corda para tocar o sino, claro que o Jorge Almeida não resistiu e tocou o sino, felizmente parece que os habitantes não se incomodaram com a situação, mais tarde ainda se lamentou e disse que deveria era ter tocado o sino a rebate para pôr a aldeia toda em polvorosa, quanto a mim ainda bem que não o fez, a ideia de ver os habitantes todos da região a correr na nossa direcção com forquilhas na mão, é coisa que dispenso.
Ainda no Fiolhal, perguntamos o caminho a um cidadão o que vinha a passar o Sr. Luís, que além de nos explicar o que queríamos, ainda nos pediu para o acompanharmos à Adega para nos presentear com um cálice de vinho a sair da pipa, estivemos uns momentos da adega a confraternizar com familiares e amigos do Sr. Luís e depois pedais ao caminho.
O caminho continuou, a subir claro, até Carrazeda de Ansiães, onde almoçamos, eu e os Almeidas, no “Restaurante Vinhateiro” onde comemos um franguinho assado, o Vítor Silva, foi comer a outro lado qualquer, ainda não sei porquê.
Continuando a escalada, passamos por um pomar, onde também pudemos provar as maçãs da região, ainda tivemos que saltar algumas cercas, (o costume quando o operador de GPS não percebe nada daquilo).
Uma vez que tínhamos cerca de 30 km feitos e praticamente ainda só tínhamos subido, chegou a alturinha de fazer uma descida ainda por cima em single track.
Mas o Jorge resolveu estragar a descida, e rebentou com o Pneu da frente ao embater numa pedra dando uma queda completamente desamparado, com a agravante de levar o capacete desapertado (até aqui ainda só tínhamos subido e o capacete era só incomodo), eu e o Mário (os mesmo que nos rimos quando o Jorge caiu, na viagem a Santiago de Compostela) que vínhamos mesmo atrás dele, desta vez não nos rimos, pois a coisa parecia grave.
O resultado foi uma pequena escoriação no queixo e um pneu que vai para o lixo mas que na altura teve que ser remendado da melhor forma que conseguimos, pois no meio do monte ninguém tinha um pneu novo para trocar.
Passado o susto e com a bike remendada, continuamos o caminho, parando alguns Kms mais à frente numa associação onde para além de nos reabastecer-mos de líquidos, foi feito o curativo ao Jorge pelo enfermeiro de serviço, o Mário.
Com os Kms a acumularem-se e o passeio a começar a massacrar devido à altimetria, foi a altura de eu dar uma quedazita numa descida pelo meio das vinhas (foi uma queda vinícola, com qualidade demarcada), não me aleijei, mas o que vi quando me levantei, até me doeu a alma, aquele caminho ia desembocar na…
LINHA DO COMBOIO
Para meu espanto, e ao contrário do que tinha ficado assente no inicio, iríamos entrar na linha do comboio, no inicio ainda tentei pedalar, mas nem mesmo as bikes de suspensão total, quanto mais a minha bike com quadro rígido que não foi mesmo feita para aquilo, nem era suposto ser, a única saída dali parecia ser caminhar os restantes 16Km, com a bike à mão.
A uma média de cerca de 5Km/H, iríamos demorar cerca de 3 horas até ao fim e o sol já se estava a pôr.
Como o que está perdido por um, está perdido por mil, ainda nos demos ao luxo de dar um mergulho no Rio Tua, para relaxar, afinal tirando a parte de ser impossível pedalar e estarmos a ficar sem luz, a paisagem era espectacular, uma garganta escarpada e profunda, com o espelho do Rio Tua a passar em baixo.
A cerca de 10 Kms para o fim, vimos uma locomotiva, daquelas que puxam uma carruagem de caixa aberta, própria para as obras, a recolher vários trabalhadores, que se encontravam a trabalhar na linha e que já estava mesmo a arrancar, mais um minuto e nem a via-mos.
Foi a nossa sorte, com o sol a pôr-se e ainda com a perspectiva de ter de caminhar por 2 horas, as coisas não se apresentavam animadoras, pedimos boleia aos trabalhadores, espantados por ver aqueles 4 a andar pela linha àquelas horas e lá fomos na caixa aberta do comboio, (parece que já estou a ficar batido nestas coisas de andar na caixa aberta durante os passeios de bike). Durante a viagem um dos trabalhadores, provavelmente o encarregado, perguntou-nos se tínhamos andado com as bikes por cima do cimento fresco que eles andaram a colocar algumas centenas de metros mais atrás, claro que a resposta foi negativa, mas recordo-me vivamente de ver 8 marcas de pneus de bicicleta marcados, numa pequena faixa de cimento que percorria paralelamente parte da linha do comboio, mas sob a perspectiva de sermos atirados para fora do comboio, o melhor era mentir.
Ficam aqui as minhas desculpas, mas não estragamos nada, só ficaram as marcas.
No final já na Estação do Tua, contabilizamos cerca de 52Kms, percorridos, infelizmente 6 deles a pé, e os outros quase sempre a subir, (como é possível?) como já era tarde ficamos lá para jantar, no restaurante “o Calça Curta”, eu pedi veado, o que comi não sei, pois não faço a menor ideia do aspecto ou do sabor do veado, mas foi o que pedi.
Também fiquei a saber que o tal trilho de GPS, afinal não passava pela linha do comboio, (daah!) como foi dito no início, mas sim mais acima. Como era demasiadamente óbvio, pelo menos para mim, mas! …


Pedro "Trilhos"
Mesmo passeio versão Sprint Veloce Team

4 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma viagem para encher o bandulho, depenar a fruta aos locais, andar feitos chouriços atras do GPS daquele rapaz que é impedido agora, cenas gays com curativos pelo meio, boicote aos trabalhadores da linha, enfim, situações que me entristecem como Betetista de Topo :)

Mário disse...

O relato está de grande qualidade, ao que apenas posso acrescentar o seguinte: o dia foi estrondoso em diversos sentidos; tempo, qualidade da fruta, qualidade da pinga, banho no rio, dureza de bike (só para alguns), tombos de bike 5 estrelas, amizade quanto basta e conflitos de interesse do costume. O Vitorkorov com todos os defeitos tem a virtude de surprender e inovar, por isso tiro-lhe o chapéu. O Gigantones com a boa disposição é sempre uma mais valia e ultimamente dá uns tombos de belo efeito (a quem diga que quando está cansado atira-se para o chão para descansar). O Pedro, força física e piadas sublimes, impressionou após um dia de dureza extrema, sacar palavras do arco da velha do dicionário numa discussão com o Vitorkorov (coisa rara) e ainda teve tempo de quase apreender a máquina fotográfica ao referido artista por o mesmo ter tirado uma fotografia para um site gay, onde o Pedro aparece com as nalgas à mostra. Quanto a mim, só posso dizer que dias com este são aquilo que mais gosto no Btt, amigos, paisagens, copos e muita borga. Um abraço e esperem pela minha crónica........
Marito de Miragaia

Anónimo disse...

Está crónica está recheada de inverdades, mas é o que dá convidar mancos, que estão sempre a resmungar e a por defeitos.
Um aspecto importante nestas viagens de btt é ter sempre presente espírito de aventura!...
De frisar que eu fiz 8km em cima da bicicleta pela linha do comboio e ao lado da linha, conforme a quantidade de pedras.
E estou certo que com muito esforço ia conseguir fazer os restantes 9km que faltavam para chegar ao Tua.
Uma linha situada num local recheado de paisagens espectaculares, que tornaram está jornada única e que não tenho dúvidas que fiz a melhor opção.
Abraços e boas pedaladas.
NÃO SE ESQUEÇAM DO PASSEIO DE BIKE DA ASPP/PSP - 20.09.2008 (SÁBADO), 09h30, estádio do Dragão.
Apareçam o convívio é do melhor e os prémios espectaculares.

Anónimo disse...

Ora aqui está um blog que não publica os artigos dos passeios no século seguinte à realização do mesmo.
Quanto ao passeio só posso dizer que foi como sempre impecável... incerteza quanto baste...
perigo quanto baste...
e insólitos que só acontecem a iluminados como nós.
Quando é o próximi???'