terça-feira, 30 de setembro de 2014

O CAMINHO

** "As únicas pessoas que me agradam são as que estão loucas: loucas por viver, loucas por falar, loucas por salvarem-se."   JACK KEROUAC.

* Percorrer o CAMINHO é enfrentar e lutar contra os seus próprios medos.
*É conheceres pessoas nesse percurso de todas as idades, cantos do mundo, profissões e estratos sociais, com todas as motivações únicas para fazê-lo ou nenhumas em particular, sem quaisquer intenções de julgamentos ou juízos de valor sobre os outros.
* É dares-te conta que ficares desligado do mundano e do quotidiano é saboroso e ficares a refletir porque o mundo não está imbuído do espírito do CAMINHO pois teria muito mais a ganhar.
* É travares uma amizade fortuita com um casal espanhol das Canárias, os quais te acolheram de braços e corações abertos na sua jornada e com uma guerreira alfacinha de gema, com tom melífluo e que foi a tua muleta nas horas de aflição, de forma tão natural e sincera, que essas memórias e vivências nunca se apagarão da tua vida.
* É caminhares 6, 7 e 8 horas por dia, com uma mega mochila às costas, à chuva, ao frio, ao calor, pelas estradas, bosques, montes, sofrendo, rindo, refletindo, conversando, convivendo, conhecendo, amando, chorando, até chegares ao albergue, qual oásis ali plantado, tomares um duche e ficares rejuvenescido de novo, com a alma limpa.
* É ali dormires e mal, rezando para que o/a urso(a) do dia anterior não fique no teu beliche ou na cama ao lado, senão lá se vai o teu descanso noturno, vendo pessoal a aplicar a técnica do Louis de Funés.... na certeza porém que quando fores para casa, até irás sentir saudades dele(a)s.
*É aprenderes que os termos compeed, betadine, agulha, vaselina, halibut, meias sem costuras também se vão começar a aplicar a ti.
* É começares a ter a noção de que durante a tua caminhada, qualquer desvio de 100 metros que seja, para a fruta, café ou local para descobrir, passa a ser uma difícil e dúbia escolha.
* É a passo de tartaruga conhecer cada pedra, cada bosque, cada monte, cada igreja, cada ponte.
* É andares com as meias, cuecas, calças ao de penduro na mochila para veres o milagre de as conseguires enfim secar.
* É sentires e carregares toda a força e todo o ânimo quando mais precisavas dos teus familiares, amigos e grupo de malucos para conseguires lá chegar, .
* É reconheceres a Kms de distância o olhar alucinado e o andar já meio torcido do(a) peregrino(a).
*  É alcançares por fim a Catedral de Santiago, entrar triunfante na Praça do Obradoiro, deixando aí os teus sentimentos se libertarem livremente.
* É no fim de contas empreenderes uma viagem dentro do teu próprio ser...

* Se o CAMINHO é tudo isto e haja quem lhe chame Loucura, então faço questão de pertencer de corpo e alma a essa sã loucura!

Manuel Sousa
(Para Vós em especial Auxi, Germán, Carla, Margarida, e tantos outros "malucos(a)" que se cruzaram connosco nesta jornada inesquecível...).


Fotos deste Passeio

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Rota do Românico

*** Verdade seja dita, a intenção do anfitrião Sales era boa, ou seja, dar a conhecer a estes mafarricos (Pedro, Rui "Escolinha" Silva, Pimenta e Eu) os trilhos do Românico, em Penafiel.
*** Só que meus amigos, diz-nos a literatura secular do Betetista que existem regras e verdades insofismáveis, as quais seguidas à risca, tornam o risco elevado da aventura terminar abruptamente!

*** Uma delas reconhecereis de certeza: ter sempre cuidado com o nível de apetite e glutonaria dos mafarricos convidados que, no caso em apreço, tinha tudo já para correr bem que esta malta é de muito sustento...
*** Dizem os livros que a segunda verdade do Betetista é se porventura durante o caminho acontecer de te cruzares com um sítio adequado para almoçar, existindo a possibilidade de retemperar forças com umas boas litrosas de espadal fresquinhas, acompanhados de umas entradas de sustento, reforçando o bucho destes mafarricos uns pratos qb de rojões e bacalhau, o melhor que tens a fazer é assentar arreais que a oportunidade pode evaporar-se...
*** Ora, não há duas sem três, e estes mafarricos, para desespero do anfitrião, estavam determinados a seguir o protocolo literário, pelo que se puseram a jeito para a terceira regra: quando está muito calor e tens o bucho cheio, tens de praticar descanso rapidamente, de preferência à sombra de uma ramada...
** O tempo urgia e tinha de surgir outra das regras basilares do Betetista: já fizeste 30 Kms da espetacular Rota Românica, ainda faltam 20 Kms bem durinhos para finalizar, estás que nem podes, ora ainda bem então que tens uma estação de comboio a 5 minutos daqui para regressares a casa...
*** Ficou feita a promessa fraterna ao anfitrião de voltarmos para finalizar o trilho que é de muito relevo cultural e patrimonial.
*** Quanto a vós não sei mas tamanha azáfama acabou por me abrir o apetite, pelo que vos deixo com as fotografias do percorrido... 
Sousa "Trepador"

Fotos deste Passeio