sábado, 14 de julho de 2012

Dia 3 do Caminho Português Interior de Santiago - Parada de Aguiar a Chaves


** Depois de uma boa noite de descanso no albergue de Parada de Aguiar (ainda cheirava a novo)
 iniciamos o 3º dia, pelas 07H00, tendo feito um pequeno percurso ate ao Posto da GNR da mesma localidade. O tempo estava um pouco enublado.

** Agradecemos a amabilidade dos colegas da GNR em terem ficado com os nossos sacos, já que mais tarde o colega Rui Pereira ira busca-los.
** No centro da vila tomamos o pequeno-almoço no café “Os cisnes”.

** Iniciamos o percurso, com o arco-íris a cumprimentar-nos, tendo passado pela ponte romana de Cidadelha,
 seguindo-se alguns trilhos rolantes.
 **Depois apareceu um pequeno desvio,
 Conforme indicado por uma placa com o símbolo da concha de Santiago.
 Parecia as sinalizações que encontramos nas estradas portuguesas quando existem obras.
**Entramos novamente na ciclovia, onde o desvio nos leva novamente para o caminho original apanhando trilhos rápidos e agradáveis de percorrer com a vegetação densa e molhada, não se vendo onde a roda rola.
 ** Como só andava à procura de setas amarelas há 2 dias, e já as via em todo lado,
 em Pedras Salgadas,
 levei o grupo a percorrer cerca de 1.5 km desnecessário, o que não é muito, mas a maior parte dessa distância tinha uma boa subida. Desculpem lá pessoal J.
** Após percorrermos um pouco na E.N.2, entra-se no single mais divertido e espectacular do Caminho.
 Cerca de 4 km a descer a boa velocidade, onde existe muita vegetação densa e quase todo praticável. E Onde nos sentimos pequenos, porque o trilho vai entre 2 montes.
 De referir que no fim as canelas apresentavam arranhões feitos pela vegetação.
** Depois entramos em Vidago, percorrendo a rua central
 onde somos recebidos por um Hotel em ruínas, (parecia que foi bombardeado)
 e onde paramos para tomar um café no estabelecimento chamado Primavera,
 Café esse que foi tomado fora do estabelecimento, porque a menina que estava lá a trabalhar viu 4 homens todos sujos e como parecia ser um “café de luxo”, pediu para não entramos, pelo que colaboramos.
 ** Saída de Vidago e ate Pereira de Selão foi sempre a subir por estrada.
 ** Passagem por Redial e entra-se novamente em trilhos.
 ** Numa descida, onde íamos a razoável velocidade e o pessoal queria encontrar um café para beber uma cola. Como prós do BTT J  e concentradíssimos no Caminho, o Sousa e o Rui Silva, não ouviram a oferta que um agricultor
 que andava a regar as videiras nos fez. Consoante passávamos um a um o homem gritava: “QUEREM VINHO?”. Eu como ia em ultimo, chamei os dianteiros e disse-lhes que o senhor tinha oferecido o néctar dos deuses. Nenhum recusou e ninguém se lembrou da cola. O Sr. Lourenço de Barros
 foi de uma simpatia extrema, oferendo o vinho e inclusive pão e queijo, que seria o seu almoço para aquele dia. Claro que recusamos os sólidos, mas bebemos quase duas garrafas de maduro tinto. Aquela paragem de 10 minutos souberam pela vida, fruto da espontaneidade, da partilha e do altruísmo.
 ** De seguida o trilho passa pela Nossa Senhora da Saúde em S. Pedro de Algovém, Chaves,
 onde ao chegar a este local, o Vidinha teve o susto de 2 canídeos, fazendo-o acelerar a marcha. O gás pimenta fez falta aqui.
** Segue-se uma descida, primeiramente por estradão e depois por estrada
 até à entrada de Chaves (11H30).
 ** Chegamos à cidade, tirando fotos na ponte sobre o rio Tâmega,
 colocamos carimbos na Igreja Matriz de Santa Maria Maior
 e mais fotos no Castelo da cidade.
 ** Como não podia deixar de ser, o Rui Silva (o sabe tudo) teve a excelente ideia de comermos o famoso pastel de chaves,
 ideia prontamente aceite pela restante malta sem votos contra. Encontramos um jardim, onde nos deitamos a saborear um pastel de chaves e uma mini e onde cada um revivia a magnífica experiência do caminho percorrido até aqui.
** Depois encaminhamo-nos para a PSP de chaves, onde tomamos um merecido banho e vestimos as camisolas feitas pelo Rui alusivas a este passeio.
** Um colega indicou-nos um restaurante, cujo nome ninguém se lembra ( a falha é do anotador oficial do passeio, Sousa), mas que nos serviu leitão, não sendo a dose individual muito cara (8 euros).
 ** O Rui Pereira foi-nos buscar, tendo antes passado pela GNR de Vila Pouca de Aguiar buscar as mochilas e alforges.
 ** Em suma sobre este 3º dia, apresentou-se-nos um percurso bem mais fácil, claro que mais curto mas muito mais rolante, mantendo a característica deste Caminho, ou seja, paisagens lindíssimas e o altruísmo das suas gentes.
E termina aqui a nossa 1ª parte do caminho. Venha Outubro para o resto.

Filipe Silva.

Fotos deste Passeio

domingo, 8 de julho de 2012

Dia 2 do Caminho Português Interior de Santiago - Lamego a Parada de Aguiar

** A saída foi cedo de Lamego, 07H00, com pequeno almoço no Pão Quente “ Pá doce”, único aberto àquela hora, onde as funcionárias estavam bem dispostas, sendo muito simpáticas e não foi muito caro.

**Ao ver a altimetria, pensei de Lamego à Régua vai ser um tiro, cerca de 8 km sempre a descer, mas enganem-se, as marcações nem sempre estão muito visíveis, pois com a ânsia de andar com velocidade elas passam quase despercebidas foi o caso em Souto Côvo,
um trilho escondido com descidas de escadas,
no meio da vinha com descidas, em singles, numa envolvência sobre o espetacular Douro Vinhateiro,
logo após passagem por Sande e descida até ao Peso da Régua,
com entrada  pela Ponte do comboio agora restaurada, sobre o Douro. Enfim demorámos cerca de 40 minutos com sessão fotográfica.
** O Rui Pereira decide regressar de comboio a casa já que não se encontrava nas melhores condições, ficando de nos ir buscar amanhã a Chaves.
**Paragem no mercado da Régua para abastecer de fruta, onde a vendedeira também entrou no espírito da brincadeira.
**Ao dizer adeus à Régua fomos brindados com uma respeitosa subida (quase até Santa Marta de Penaguião)
sempre por estrada com passagem por Lobrigos – São João Baptista, onde existe uma fonte e o Miradouro, valeu-nos uma boleia em cima de uma pick-up nos últimos 3 km.

**Ao descer para Vila Maior, um ataque às cerejas, estavam reluzentes em tons rubro  vermelho apelativo ás papilas gustativas, pelo que não resisti, subi ao monte e alimentei a prole.
**Passagem por Stª Marta
e antes de chegar a Banduge, dá-se início a uns dos melhores singletracks do caminho, 
sempre no seguimento de um curso de água, com uma escarpa do nosso lado esquerdo e vegetação muito densa,
mas de uma beleza inigualável, mas sempre com muito respeito pelas mais elementares regras de segurança, não vá o diabo tecê-las.


**Ao sair do single, estamos em Banduge, onde pelo simples pedido de água ao Sr. Serafim,
fomos presenteados com uma oferta de pêssegos e vinho tinto de 14, 5 %,
após este reforço e já “dopados”,  tivemos uma parede em estrada até a aldeia de Concieiro
em que nos cruzamos com um casal de peregrinos austríacos, que vinham em sentido contrário e iam a pé até Belmonte.

**Depois uma boa descida até ao leito do rio, 
segue-se uma das valentes picadas do dia, 45 mn a empurrar a bike com todo o peso,
antes de chegar a Veiga, onde conseguimos comprar pão e bananas ao padeiro itinerante, que também é cá da malta do ciclismo.

**Antes da Cumieira, na EN2, não fomos pelo caminho, o qual se juntava mais à frente naquela vila e seguimos sempre por estrada até Vila Real, se bem que a maior parte dele coincide com a EN2.
**Chegada ao Comando da PSP de Vila Real, onde nos aconselharam o almoço na churrasqueira Lopes,
mais uma vez um dos sócios é amante destas andanças, que no mês passada também fez o caminho de vila real até Santiago, deu-nos algumas dicas sobre o trajecto.

**Despacho de última hora, já fartos de carregar as mochilas e alforges, pedimos ao motorista da Autoviação do Tâmega, que as levasse até Vila Pouca de Aguiar, para serem deixadas na GNR, por parte do Rui Silva, a pressa foi tanta para carregar que a ferramenta necessária e vestuário foi tb junto, mas não fez falta.

**Depois de Vila Real, um misto de estrada e trilhos por localidades rurais.
**Ao sair de Vilarinho de Samardã, temos uma descida fantástica, em calçada romana, 
muita acentuada e pouco ciclável,
até uma ponte degradada sobre o rio Corgo.
*E mais uma picada 
para depois entrar em Samardã na Ciclovia da Linha do Corgo.
**A partir deste ponto foi sempre a pedalar na casa dos 34 Km/h, pois a pista está um espetáculo, principalmente quando entramos na parte alcatroada.
*Paragem em Tourencinho, no café Central, para abastecer o corpo e fazer algum tempo de espera.
**Continuação pela ciclovia até Parada de Aguiar, local onde fica o albergue, sendo que o Caminho anda a par da Ciclovia em algumas fases.
**Condições excelentes do albergue
( 3 quartos com beliches, sala de estar e cozinha toda equipada, 2 casas de banho com chuveiros, etc….) uma antiga escola primária, sendo o responsável pelo mesmo o Sr. Aprígio, pessoa de uma  grande simpatia.
**Um colega nosso, de férias e que reside em Carrezedo de Montenegro, o Cardoso 
deu-nos um apoio fantástico e foi buscar as nossas mochilas à GNR, fazendo-nos companhia para o jantar.

**O Jantar foi no Restaurante Costa do Sol/ Hotel Aguiar da Pena


em Vila Pouca de Aguiar, foi Vitela á Maronesa, uma carne de origem demarcada, acompanhado de um tinto da casa, tudo com muita qualidade.
**Visita ao ex-libris de Vila Pouca de Aguiar, o Castelo de Aguiar, ali tem uma panorâmica deslumbrante com enquadramento geográfico espetacular de Vila Pouca de Aguiar, 
que fica num vale, protegido pela Serra da Padrela e pela Serra do Alvão. Para visitar o Castelo temos de fazer um grande desvio do caminho, só foi possível porque estávamos com um carro.

**Aproveito para aconselhar a quem ficar no albergue para ter paciência com a falta de educação do vizinho que mora em frente, que provavelmente teve uma má experiencia com outros alberguistas e agora descarrega em todos os visitantes.

**Em suma, os trajetos no Douro vinhateiro são de uma beleza sublime, com picadas atrozes, como dizia Miguel Torga sobre esta paisagem “é um excesso da natureza, moldada pelo homem” . A ciclovia do Corgo vale a pena experimentar, consumada com a simpatia e hospitalidade dos habitantes, foi um dia muito encantador e inolvidável.

Rui Silva.



Fotos deste Passeio