sexta-feira, 29 de junho de 2012

Caminho Interior Português de Santiago - 1ª parte - Viseu a Chaves. Dia 0.

"Muitos dos que têm morada certa passam pela existência sem nunca percorrer as avenidas do seu próprio ser. São forasteiros para si mesmos. Por isso, são incapazes de corrigir as suas rotas e superar a suas loucuras.” – Augusto Cury, "A Saga de um Pensador - o futuro da humanidade".

**Boas, caros Amigos e Betetistas,
dou vida a este tópico para relatar/partilhar a maravilhosa experiência de 5 peregrinos e amigos, Eu , o Rui Pereira, o Rui Silva, o Filipe Pereira e o José Vidinha, da nossa vivência pelo Caminho Interior Português de Santiago.
**Este desafio de conhecer este caminho, ainda pouco divulgado, foi-nos lançado pelo “organizador mor/presidente” deste passeio, o Rui Silva, rapaz já habituado às vicissitudes dos Caminhos de Santiago e que vive como ninguém estas epopeias, tomando ao seu cargo quase todo o planeamento e organização do mesmo, esmerando-se em todos os aspetos.
**Seguem-se algumas breves considerações pessoais, para um melhor enquadramento da aventura, sendo que as imagens e fotorreportagem falarão melhor por si a posteriori.
** Por uma questão de obrigações profissionais e pessoais, tivemos que dividir esta nossa viagem em duas fases: a 1ª parte do Caminho levar-nos-ia de Viseu até Chaves, nos dias 14, 15 e 16 de Junho, na distância de 185 Kms, e seria dividida em 3 etapas, a 1ª ligava Viseu a Lamego (76 Kms),
 a 2ª Lamego a Parada de Aguiar (63 Kms),

 e por fim Parada de Aguiar a Chaves (46 Kms),

a etapa mais curta; a 2ª parte, de Chaves a Santiago, pela Via da Prata, em princípio, realizar-se-á no início de Outubro, mas ainda está a ser discutida.
** O percurso foi feito em autonomia, com algumas surpresas e adaptações pelo meio que mais adiante vão poder comprovar, Eu e o Filipe Silva optamos por levar a mochila e os meus restantes companheiros optaram pelo uso de alforges. Esta é sempre uma questão muito debatida, a da escolha de alforges ou mochila – eu próprio a vivenciei na nossa Travessia de Portugal em 2012 em que transportei quase 13 dias uma autêntica cruz às costas – e penso que é mesmo uma questão de opção pessoal, do tipo de percurso, duração do mesmo, de cada um se sentir mais ou menos adaptado, mais confortável/seguro com o que resolver escolher.
** No que diz respeito às dormidas e dado a nossa vertente profissional, conseguimos autorização superior para ficar a pernoitar no dia 13, no Comando Regional da PSP de Viseu, no dia 14 tínhamos à nossa disposição as camaratas da Esquadra da PSP de Lamego, no dia 15 marcamos a nossa pernoita no fantástico albergue de Parada de Aguiar e, finalmente, no último dia, os banhos antes do almoço seriam no Comando da PSP de Chaves, todos estes fatores conseguiram minimizar alguns custos que não são de menosprezar nos dias que correm (nos 3 dias os gastos, contabilizando as viagens e portagens, rondarão os 150 euros individualmente). Pelo facto de termos pernoitado em Viseu, daí decorreu que iniciamos o caminho em Viseu.
** Pessoalmente, depois de já ter descoberto em anos anteriores o Caminho Português de Santiago e o da Via da Prata, posso afirmar que estes 3 primeiros dias (principalmente os 2 primeiros) ficaram-me marcados, e penso que também na memória dos meus restantes amigos, pela imaculada beleza natural do percurso, o seu isolamento, a extrema dureza nos seus pisos e no constante carrossel em algumas partes, o altruísmo das suas/nossas gentes (muitos dos quais tiveram a amabilidade de nos matar a cedo com um bom maduro tinto pelo caminho), as mudanças bruscas de tempo e ainda a exigível maturação deste mesmo caminho.
Manuel Sousa (Trepador)

** Desfrutem então do relato do Vidinha.
DIA O
*Dia 13 de Junho, pelas 15H00, encontravam-se todos os atletas (Manuel Sousa, Rui Pereira, Rui Silva e Filipe Pereira), concentrados junto à Esquadra de Águas Santas, na Maia, conforme o combinado, à excepção de minha pessoa, devido a dificuldades mecânicas (montagem da roda traseira da minha bike), atraso de 10 minutos, que se veio a traduzir fulcral no desempenho desta viagem, para se iniciar a longa e dura jornada para percorrer em bicicleta a primeira fase (Viseu – Chaves) do “Caminho Português Interior de Santiago”.
*Momentos depois lá rumamos nós em direção ao nosso destino, Comando da PSP de Viseu, numa viatura altamente equipada e personalizada  de acordo com as qualidades físicas e técnicas dos atletas. Pelas 17H00 chegávamos ao nosso destino, onde nos aguardavam umas excelentes condições para pernoitar e uma receção e hospitalidade excecional por parte dos colegas do Comando de Viseu.
*Após a nossa pré instalação, rumamos até um local  acolhedor, onde pudemos desfrutar de umas belas “Mini´s” enquanto apreciávamos o bom futebol praticado pela nossa seleção, enquanto o Rui Silva era vítima de vários ataques de fúria e nervosismo……. claro que o resultado nos foi favorável (3-2), frente à Dinamarca.
* Findado o grande embate futebolístico da nossa seleção, iniciou-se a grande saga do Filipe Pereira, que objetivava um cartão de memória para a sua máquina fotográfica, alvo esse que ficou por se concretizar até ao final do dia.
*Chegada a hora do jantar, a etapa mais dura do dia, lá fomos nós brilhantemente acompanhados com a hospitalidade dos colegas Ribeiro e Fernandes, em direção a um restaurante onde jantamos e pudemos saborear um bom prato de carne, devidamente acompanhado com um vinho à altura.
*De salientar que era o aniversário do nosso caro colega e atleta Manuel Sousa (Trepador), salvo erro que fez 20 anos..... pelo que foi improvisado um bolo de aniversário,  sendo efetivadas as honras festivas apropriadas.
* Depois de tão árdua etapa, era tempo de fazer a digestão e lá fomos numa visita guiada pelos nossos estimados dois colegas de Viseu, para o centro histórico de Viseu, onde pudemos confirmar in loco a indicação do ponto de partida para a etapa de amanhã, junto à Sé.
* Amanhã era o grande dia pelo que recolhemos aos aposentos para tentar ao máximo descansar bem. Rezam as fontes anónimas que tal merecido descanso foi quebrado pelo motor de um Antonov, não identificado pelos presentes. Nada que não seja novidade no mundo Betetista.....

José Vidinha

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