terça-feira, 4 de julho de 2017

Tróia a Sagres - A Rota Vicentina pelo Trilho dos Pescadores (1ª etapa até Santiago do Cacém)

** Este ano a grande aventura em duas rodas destes mafarricos recaiu sobre a nossa magnífica Costa Vicentina, com a ligação Tróia - Sagres (cerca de 280 Kms) pela Rota Vicentina (provavelmente um dos trilhos costeiros mais bonitos e preservados do mundo, devidamente sinalizado e com grande prestígio e impulsão a nível internacional no âmbito do turismo de natureza) e, neste caso, especificamente pelo Trilho dos Pescadores, percurso maioritariamente percorrido pelas falésias, a ser conquistado apenas a pé (até porque só é permitido a pé...) e de exigência física elevada já que a presença da areia é uma constante.
** Este é um trilho de facto bastante exigente (e de beleza ímpar) dado algumas partes terem de ser realizadas com a bicicleta à mão num bom período de tempo, juntem-lhe temperaturas na ordem dos 40/45 graus como apanhamos nesta semana do calor intenso, correndo o risco de desidratar, não aconselhável a fazer sozinho dado o seu isolamento em algumas partes nas falésias, arribas, desníveis e se tiverem vertigens, pelo que devem preparar muito bem a caminhada ou este percurso a todos os níveis.
** A alternativa passa pelo Caminho Histórico que visa percorrer as aldeias e vilas rurais pelo interior embora exista ligação entre ambos os caminhos em algumas partes, contudo dado o calor que se fez sentir nesta semana, qualquer um seria um desafio, como se veio a comprovar.
** Com o habitual e inexcedível suporte do Ferreira "Freak" na logística com a carrinha da praxe (com o apoio da Junta de Freguesia de Custóias a quem agradecemos mais uma vez na preparação desta aventura), dividimos o percurso em 4 dias, de modo a poder desfrutar do percurso e do convívio, até porque a malta vinha em viagem do Norte de Portugal até Corroios na noite anterior e regressaria de viagem no último dia, precisando de algum descanso, ficando as etapas alinhavadas da seguinte forma: a 1ª etapa Tróia a Santiago do Cacém (85 kms), 2ª ligava Santiago do Cacém à Zambujeira do Mar ( 67 kms), a 3ª da Zambujeira à Carrapateira (83 kms) e por último a etapa mais curta que fazia a ligação até Sagres (45 Kms)
** Os altetas da aventura deste ano eram os habitués destas andanças, o Pimenta "Saca Saca", o Sérgio "Fugas", o Silva "Escolinha", o Pedro "Engenheiro" Cintra, o nosso amigo da Travessia de Portugal de 2010, que novamente se juntou a estes chouriços para mal dos seus pecados, a minha pessoa e o Ferreira "Freak" no seu habitual e incansável apoio logístico
** Após contactos prévios, as nossas pernoitas passariam pelos Bombeiros de Santiago do Cacém, a Unidade de Controlo Costeiro da GNR da Zambujeira do Mar (entidades heróicas a quem agradecemos desde já a prestimosa colaboração, calorosa receção e hospitalidade ímpar prestada a estes mafarricos) e a Pensão das Dunas na Carrapateira, um alojamento local tradicional, perto da magnífica praia da Carrapateira, no qual o proprietário Sr. Eduardo, adepto do BTT e membro da direção da rota vicentina, representa de sobremaneira a paixão que move aquela gente pela dinamização e preservação da Rota Vicentina, das suas tradições e cultura locais.
** Tróia a Santiago do Cacém (85 kms)
Saímos então de minha casa em Corroios (Seixal) de carrinha bem cedinho para Setúbal para apanhar o 1º ferry para Tróia, às 07h30. Já nos esperava o Engenheiro que fez um ligeiro aquecimento vindo de casa. Deixava-se a marina e doca de Setúbal para trás, com a beleza ímpar da Serra da Arrábida em fundo e Tróia como destino. A viagem demora cerca de 30 mn e já se viam vários grupos de ciclistas fazerem a travessia para também darem início às suas aventuras.
** O local de aproximação do ferry em Tróia, ponto já mais distante do centro de Tróia e da marina.
**Direção à marina de Tróia em demos início à aventura.
**O início percorre sempre a ciclovia até sair de Tróia, entra-se na estrada nacional direção a Comporta, local onde se entra nos campos de arrozais e o trajeto ganha logo outra cor e beleza.


** Breve paragem em Carvalhal para um reforço numa zona de lazer e convívio com o Ferreira.
**Retoma-se a nacional passando por Pinheiro da Cruz e respetiva vista da cadeia.
** Em Melides, ainda antes das 12H00, o calor já apertava bastante, aí decidimos fazer um desvio de 4 kms do trilho e almoçar no restaurante "O Artesão", uma boa escolha para almoço mas uma má decisão a nível de gestão de percurso pois a malta ficou de barriga cheia, e com o calor que nos esperava e a ter a fase mais dura do percurso ainda pela frente, revelou-se complicado.
**Barrigas e almas cheias, voltou-se a dar ao pedal, o calor era abrasador, iniciando-se um percurso florestal, com alguns trilhos com areia, para depois largos estradões, sem ponta de sombra, um rompe pernas autêntico, com a cereja no topo do bolo com duas descidas ao leite seco do rio.


** O calor era em demasia, o Silva e o Pimenta acusaram mais o desgaste, mesmo após uma fonte retemperadora, pelo que escutaram o seu organismo e decidiram fazer os últimos kms por estrada, ficando desde já a brincadeira dos corta-trilhos, o Engenheiro já matava saudades dos cortes destes mafarricos do Bike17Eco.
**O Sérgio e o Pedro estavam fresquinhos como um alface da minha horta, facto que se prolongou até ao final da aventura pois foram os dois valentes a conseguirem percorrer os trilhos mais difíceis na sua totalidade (como ficará demonstrado mais para a frente), eu já apresentava algumas dificuldades mas resolvi continuar com eles até Santiago do Cacém, sofrendo com o sobe e desce e muito como o calor mas lá consegui.
** Finalmente atingimos cansados mas felizes o objetivo do dia, onde já nos aguardava o Pimenta, o Silva solicitou o apoio da carrinha pois deu-se mal com o calor quase a chegar a Santiago do Cacém mas veio de alma cheia.
** A receção e acomodação destes altetas por parte dos Bombeiros de Santiago do Cacém foi de tal modo fantástica que nos sentimos imediatamente em casa.
 ** O planeamento das nossas etapas permitia-nos maioritariamente desfrutar do resto da tarde pelo que rumamos para a Lagoa de Santo André, local idílico para um merecido banho retemperador e praticar descanso.
 ** De regresso ao quartel, era hora do reforço alimentar na companhia de dois bravos bombeiros, com o Ferreira na logística nada falha meus amigos.
** Amanhã era outro dia, faziam-se apostas para quem seria o primeiro a ressonar na nossa camarata e pôr os cabelos em pé ao Pimenta, ao Ferreira e ao Cintra, rezam as crónicas que eu, o Silva e o Sérgio  não ressonamos....pouco!

Sousa "Trepador"

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